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Cama

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Na troca de turno,

O sono é meu rumo.

No leito de vida,

enfim, aqui durmo.

 

 

Notívagos, meus amigos!

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São 1h22 da manhã. Eu deveria estar dormindo. Mas não posso. A esperta aqui anuncia que vai fazer 33 textos nos 33 dias antes de completar 33 anos e não deixa nenhum, nenhum texto de reserva. Isso teria sido mesmo bem aproveitado para aqueles dias em que ela precisa dormir logo, precisa de tempo para resolver outras coisas, ou precisa pelo menos parar de falar dela mesma na terceira pessoa.

Na verdade eu até tenho textos guardados, mas não acho que eles teriam relação com o momento, com o blog. Não quero assim. E eu nem queria dormir. Mas preciso. Sou uma pessoa de eterno sono atrasado. E a culpa é toda minha. Muito embora isso tenha melhorado.

Eu ainda sou notívaga, e qual é o seu superpoder?

Na adolescência era pior. Era o cúmulo do absurdo. Eu não conseguia dormir antes de duas da manhã e tinha que acordar às seis pra ir pra aula. E eu nem tinha computador para ficar mexendo naquela época. Eu ficava acordada desenhando, arrumando armário, ouvindo música, relendo umas coisas, escrevendo outras, observando insetos na cozinha, brincando com meus hamsters (todos os 24 que já tive) e os passarinhos. Em algumas ocasiões fiquei acordada fazendo dever de matemática (pasmem!). Outra fiquei escrevendo meu nome em ponto-cruz! Teve uma vez que escrevi uma teoria inteira sobre porquê Michael Jackson teria ficado branco. Qualquer coisa parecia mais interessante que dormir de noite. E de manhã, qualquer coisa parecia mais interessante do que levantar da cama. Eu até nunca fui muito mal humorada de manhã não, mas tendo a ser mais lerda que Molly, a scargot de um casal amigo meu, nessa hora do dia.

Meus horários de mais sono são, além da hora de acordar de manhã, depois do almoço e no entardecer. Passado isso, estou de pé. E sem hora pra dormir. Por obrigações com a civilização comecei a impor para mim mesma mais disciplina. Como estar na cama entre meia noite e uma hora da manhã. Antes disso, só em circunstâncias especiais. Como nas férias de agora. E como no dia em que me casei. Hehe! Não casei, fiz uma união estável. Bateu um sono! Nossa! Acho que era tanto stress com documentos e administração de outro país que depois que acabou…  no fim da tarde… Apagamos! Muito romântico.

A noite é uma criança. E é mesmo. Geralmente, a hora que tenho mais ideias e vontade de agir é de noite. Dizem que isso é característica de super heróis. Definitivamente é característica de gatos. Azzuca é tão noturna quanto eu! A vezes vou dormir doida para amanhecer para poder fazer tudo que quero fazer e quando amanhece me ocorre de já ter perdido metade do entusiasmo da noite. Mas se anoto e me proponho a fazer mesmo. Acordo e faço! Essa é a técnica. Acordar e saber o que fazer. Se ficar se enrolando e desenrolando das cobertas… é duro. Ainda mais no inverno. Meu quarto tem pouca calefação e o sol só aparece 8h30 da manhã em Avignon no frio. Fico com saudade de vitamina D.

Ah, notívagos, meus amigos! Só vocês poderiam entender. Só vocês sabem o que é ter que fazer tudo na ponta dos pés porque o resto da casa está dormindo. Só vocês sabem o que é sempre dormir pouco, mas ter toda a família falando que você dorme muito porque seus horários não combinam. Só você assistiu todos os Corujões e vários outros filmes para idades muito superiores a sua porque nunca foi cogitado pelos programadores de TV que uma criança ficaria acordada e ligaria a televisão e veria coisas sobre a vida que talvez não estivesse na hora de conhecer. Amigos notívagos, só vocês sabem como era misterioso olhar a cidade pela janela de madrugada e enxergar, lá no horizonte, um apartamento com a luz acesa e cogitar que talvez fosse alguém como você. Só os notívagos conhecem os diferentes sons da noite e suas nuances até surgirem os primeiros sons do amanhecer. Só os notívagos reconhecem que a geladeira também para de fazer barulho. E sabem que os cães uivam em coro, assim como os recém nascidos que choram inseguros nos seus berços cercados de mães de primeira viagem que choram baixinho de sono. Só os notívagos sabem como a internet foi um bálsamo para essa solidão quase ilegal de flertar com uma troca do dia pela noite. E você sabe que no fundo fazer faculdade de noite te fez um grande bem.

A hora de acordar é sempre nosso maior desafio. Mas não precisa ser traumática. Detesto cutucadas para me acordar. Mas amo ser acordada pelo meu cachorro ou pela minha gatinha. Detesto sonhos interrompidos (vale para quando estou acordada também). Preciso do encerramento do sonho. As vezes o sonho está quase finalizando o episódio e o despertador toca, ou alguém vem me acordar. Sempre que posso, peço mais 5 minutos de prolongação. E o sonho continua e acaba nesse tempo. É impressionante! Aí posso acordar tranquila. Quando durmo mais do que deveria, começo a ter pesadelos. E uns pesadelos muito, mas muito escabrosos. Também me dá dor nas costas.

Agora, uma coisa que é sensacional: Se a gente se propõe firmemente acordar em determinado horário, a gente acorda naquele horário!!! É alucinante como isso funciona. Porém, não conte com isso como único método despertador para não perder a hora. Não conte NUNCA mesmo. Aliás, uma sensação horrível é a de perder a hora. Acordar já sabendo que você já está atrasado. Gente, que angústia! Como advogada, eu tinha pavor de audiência de manhã cedo. Nem conseguia dormir direito por medo de perder a hora. Nunca perdi. Felizmente! Mas e os colegas que perderam…

Se eu fosse padeira muito possivelmente inverteria a ordem das coisas. Ficaria acordada até 4h da manhã para fazer pães gostosos e depois iria dormir. Até porque, fazer pão é um exercício físico intenso. E exercícios físicos intensos me dão o quê? Sono!

Assim como qualquer carro e ônibus em movimento, avião taxiando, pessoas falando de assuntos pouco convidativos, digestão de coisas muito calóricas, pessoas com voz doce e ligeiramente grave.. ZZZ… muita coisa pra fazer também me dá um sono gigante. Salas de espera me dão sono e um sono desesperado, daquele que a gente não pode dormir, mas precisa! Filmes e teatros pouco intrigantes me dão sono. Ou seja, muitas coisas podem me dar sono, mas a noite não é uma delas.

Ah, mas não é mesmo!

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